quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Ouviram do Ipiranga"...que a identidade nacional foi pro brejo


No centenário de sua criação, o hino nacional brasileiro deverá agora ser cantado uma vez por semana nas escolas públicas e privadas. Proposta pelo deputado mineiro Lincoln Portela (do PR), a lei foi sancionada pelo vice-presidente José Alencar. Nada a ver...

Eu não vou aqui fazer apologia de um hino alternativo, mais progressista, popular, blablablá, blablablá. Não que seja contra, mas pra mim o buraco é mais embaixo. Grosso modo, esse ideário nacionalista é propaganda iluminista moderna e hoje não tá mais colando. Culpa da globalização que fragmenta, pulveriza, dessubstancializa? Sim e não! Mesmo que nesses nossos tempos ditos pós-modernos as identidades estejam ganhando múltiplos, transitórios e efêmeros significados, mesmo que a globalização propicie este estado de coisas, o tal discurso nacionalista sempre nos foi empurrado goela abaixo, num pertencimento (pseudo) homogêneo, de que todos comungamos de valores comuns referentes à querida nação brasileira é pura balela. Um hipcrosia oficialesca, elitista, antipática. Alguém consegue me responder o que é ser brasileiro? Não vale consultar nenhuma cartilha. "Autencidade", "essência", "originalidade" são puro recursos retóricos para se fazer acreditar em supostos mitos fundadores, dessas comunidades imaginadas (como já aconselhava Stuart Hall e Néstor Canclíni.)

Além do mais, esse tal hino nacional nunca nos representou mesmo, sequer sabemos o que significa a maioria das palavras (depois ficam ridicularizando a coitada da Vanusa).

Mas o Brasil está nos holofotes. País emergente, saindo quase ileso de uma crise mundial, compra submarinos nucleares e caças supersônicos para proteger um território que encontrou petróleo abaixo da camada de sal. O Brasil tá na moda. Assim, talvez a única coerência seja justificarmos cantando no colégio essa nação promissora.Pode ser...

Mas, assim mesmo acho reacionára essa proposta. Essa tentativa nada criativa de reconquistar uma identidade que está agonizante. Se é que um dia respirou sem ajuda de aparelhos.