sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O fim de um paradigma

Na noite do dia 19 de agosto de 2009 dá-se o óbito de Ciro do Nascimento Egres, meu tio por afeição, meu segundo pai.
Digo, com verdadeira e intransigente certeza, que não morre só um homem, morre um conceito, uma idéia, um sistema de pensamento. É o fim de um paradigma.
Ciro cruzou e percorreu as mais variadas fronteiras da realidade social, as fronteiras do bem e do mal, as fronteiras do certo e errado. E a cada passo que deu, não houve qualquer tropeço, nenhum desequilíbrio. De cabeça erguida, foi reconhecido e considerado por todos que compartilharam seu espaço.
Ciro foi um dos responsáveis pela minha formação de caráter, por meus códigos de conduta no mundo do trabalho, no mundo das amizades, no mundo da vida de periferia, no mundo das escolhas. E não modifico uma vírgula daquilo que aprendi com ele.
Ciro foi absolutamente amado e respeitado por todos que o conheciam, pois conseguia ser ao mesmo tempo sério e afetuoso. Suas atitudes pareciam ser milimetricamente ensaiadas, pois não usava uma palavra fora do lugar ou fora de hora. Ele conhecia seu espaço a cada situação e ali reinava inconteste.
Ciro foi um sujeito incorruptível, sob qualquer ponto de vista. Foi honesto à décima potência, de expressões e atitude absolutamentes sinceras. Ciro não é desse tempo.
Sempre desconfiei dos perfis arredondados e caricatos dos seres humanos. Achava isso coisa de novela, de Hollywood, pois na verdade todos somos uma constante contradição, um eterno processo de modificação e hibridação. Mas Ciro foi diferente, ah foi...
Suas posturas, sua filosofia de vida jamais mudaram durante todo o tempo em que convivi com ele. Até seus erros eram prenunciados e pareciam, por ele, calculados.
A morte de Ciro é também a morte de um mito, de algo que já não existe mais, que já se extinguiu. É o fim de algo fantástico, digno de uma biografia para ser disseminada aos quatro cantos.
Os que conheceram esse homem (que mais parece um personagem de alguma epopéia mitológica) sabem o que estou dizendo. E aqueles que não o conheceram e agora estão lendo este texto acreditem: ele era tudo isso mesmo.
E a minha grande felicidade é por ter vivido nos tempos de Ciro, e mais que isso ter convivido com essa figura ímpar ter ganhado a sua amizade, a sua educação, compartilhado seus e meus momentos de felicidade e tristeza, ter apertado a sua mão ter ganhado o seu abraço, ter feito parte de sua existência.
Vá com Deus Ciro, tu não pertences a este mundo mesmo, tu és algo a ser idealizado e aprendido. Obrigado por ter feito parte da minha vida.
Te amo Cirinho, e até algum dia.

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