segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um salve aos hermanos Alejandro e José Maria. Sejam felizes!


A nossa vizinha Buenos Aires acaba de vanguardear um ato revolucionário. Lá se realizará, a 1º de dezembro, o já autorizado casamento homossexual. Sim casamento e não união estável. Ou seja, juíz de paz, comunhão de bens, testemunhas, e todas as parafernálias jurídicas dessa instituição burguesa moderna. Pois bem, fico muito feliz. Eis um inequívoco achismo meu: eu acho isso muito importante.
Tomara que a mídia, enquanto houver fôlego, não pare de tocar no assunto. Que aconteçam as chamadas no horário nobre no momento em que as famílias estiverem reunidas jantando. Que um funcionário de uma empresa leia pela manhã, em voz alta, aos colegas o fato ocorrido. Que tal acontecimento gere revoltas aos mais preconceituosos, aos reacionários, mas que se perceba a absoluta inevitabilidade disso, porque como disse Gabriela Seijas, juíza do caso, "o mundo caminha nesta direção".
Na verdade o mundo sempre teve essa direção, como teve muitas outras, o problema é o moralmente aceito, o parâmetro machista e sexista que norteia o mundo. Num maniqueísmo entre o certo e o errado, este teve a homossexualidade com sua representante por excelência.
Não vou bater na tecla do óbvio, da minha defesa pela liberação do prazer sexual, independente das escolhas e descartes, pela ojeriza que tenho da analogia da homossexualidade com anomalia, doença, perversão, urgh...Isso, de alguma forma até vem sendo hipocriatmente teatralizada nos discursos em respeito à diferença, à condição sexual.
É o conceito que me incomoda, a definição acabada do termo. Foucault já dizia que a coisa nasce da palavra e apalavra não comunica, mas inventa a coisa. Pois é, na minha opinião a homossexulaidade, ou homossexualismo (num catálogo acadêmico verborrágico) só ganhará respeito quando a palavra tornar-se vazia no momento de sua pronúnica. Quero dizer que o preconceito só acabará quando o termo perder o sentido, até não ser mais utilizado por não ter a mínima necessidade. Quem gosta de homem, gosta de homem, . Quem gosta de mulher, idem. Quem gosta dos dois, digo o mesmo... Afinal que nome se dá pra quem prefere Pepsi ao invés de Coca-Cola, pra quem prefere usar tênis e não sapatos, quem gosta de andar de moto no lugar de carro. Alguém até pode inventar um nome pra essas escolhas, essas diferenças, mas não haverá sentido nenhum, não terá a mínima importância. Dessa forma ser homossexual sempre será homossexual enquanto essa palavra exisitir. E ela existindo sempre haverá o espaço para políticas e discursos de controle e violência, sempre será uma "categoria", um "termo", e sendo categoria e sendo termo, será passível de análise, de hipóteses, será laboratório da ciência cartesiana. Ser gay nunca deixará de ser enquanto assim eu o pronunciar, mesmo os mais progressitas e combatentes da homofobia ficarão presos à palavra. E da palavra a coisa. A pessoa que tem tesão por outra do mesmo sexo, que se apaixona por ela, que a ama, dessa forma sempre será coisificada.
Não sei como esse problema se descoisificará, não sei quando esse preconceito acabará, mas ficarei muito feliz que meu filho não se incomode ao ver dois homens se beijando na rua, não dê a mínima, que isso pra ele não faça diferença...
Que as pessoas morram de prazer, que os armários guardem apenas roupas. Que o corpo não seja uma sirene de polícia alojada...
A Argentina foi revolucionária, deu o exemplo. Burocratizar é um mal necessário. Se infiltra nos dspositivos da norma e da ordem. Nossos hermanos estão de parabéns. O caso de Buenos Aires até me fez ter vontade de cantar "Soy louco por ti América. Soy louco por ti de amores..."

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Estudo, estudo, diversifico...e me embanano!!!


Por acaso, na semana passada descobri que a professora Marisa Vorraber Costa (de ímpar genialidade e sensibilidade com o cotidiano) lançou, neste ano de 2009 o livro "Educação na cultura da mídia e do consumo". Ah...que nostalgia! Saudade do ano passado. Uma típica nostalgia pós-moderna.
Tenho certeza que esse livro também é resultado do seminário que realizou numa disciplina na Faced, do qual fui aluno PEC, que refletia sobre educação e consumo. Deixei meu artigo lá, "O consumo (des)moralizado", uma preocupação com o universo do "senso comum", as recepções, atribuições e ressignificações dos Josés e das Marias (um pouco ao estilo do jesuíta Certeau sobre a sua "invenção do cotidiano", mesmo não lhe fazendo referência) sobre as ideologias e os modos de pensamentos que lhe são "impostos". Obviamente, fui na contramão da produção intelectual que institui a alienação. A nostalgia me dá pelas vorazes pesquisas de então, no debruçamento de Foucault, Derrida, Yudice, o meu favorito Canclini; Martín-Barbero; Bauman; Bhabha; Hall; Lemert; Ortiz, e vai, vai.. Todos, a despeito de suas particualridades, propondo uma reletiura das máximas modernas e iluministas, que me influenciaram e me fizeram comprar algumas brigas.
Pois bem...Tentei o mestrado na área, não consegui. Agora estou estudando Rio Grande do Sul, patrimônio e memória na Fapa. Meu Deus!
Não preciso dizer que as leituras são absolutamente outras! No presente momento, faço uma pesquisa sobre o Mercado Público de Porto Alegre como um lugar de memória, saca...
E falar em Mercado Público é falar de da história da cidade, de Sérgio da Costa Franco, Sandra Pesavento, etc... Falar de lugar de memória é falar de Pierre Nora, Jacques Le Goff, Maurice Halbwachs, Paul Ricouer, e aí vai.
Acredite o leitor que, para a primeira disciplina do curso, realizei um artigo sobre Rafael Pinto Bandeira, pode uma coisa dessas? Eu, Marcito, jamais me imaginei analisando um códice do século XVIII, os testemunhos de uma devassa. Isso mesmo! Imagine a bibliografia...
Mas, já ia esquecendo que no início do ano comecei o curso de Filosofia na Ufrgs, sim! Os motivos paternais me fizeram postergá-lo pra daqui há algum tempo. Mesmo assim, entre março e abril lá estava eu raciocinando o desmonte do discurso sofista na análise de Platão, fichando a metafísica da Aristóteles e preparando um texto sobre a critica moderna de Hegel sobre os escritos de Heráclito.
Bom, a verdade é que estou me sentido uma enceradeira intelectual, rodando, rodando, rodando, nessa desorganizada prática "holística". A preocupação é com o currículo, como minha formação, mas a verdade é que cada vez me embanano mais, quero ler de tudo, saber de tudo, mas acabo me atrapalhando. Acho que devo é, como me disse uma professora, fazer tudo sim, mas uma coisa de cada vez. Pois é...
Sem contar nos romances que abandonei no meio, como O Iditoda de Dostoiévski e Contraponto de Huxley. Mas o que quero mesmo, nas férias é terminar a biografia do Tim Maia, do Motta. O nome: "Vale Tudo". Não, não Tim, tudo não, aí tu me complica mais...